quinta-feira, 7 de julho de 2011

Preciso de Férias...

Ok. Cheguei a uma conclusão. Preciso de férias. Estou praticamente há um ano e meio sem férias. É, os últimos 15 dias que eu tirei não contam, porque tirar férias pra fazer tese de pós-graduação, realmente, não é férias.

Eu tô muito cansada. Eu tô cansada da minha rotina. Eu tô cansada de trabalhar. Eu tô cansanda de não ter tempo pra fazer as coisas que quero... 

Preciso viajar. Quero ir pra algum lugar diferente, que eu ainda não conheça. Isso então faz um tempão que eu não faço. Tá, tá bom, eu fui pro Rio há um mês e meio atrás, mas não valeu. Eu não fui pra viajar, nem pra descansar. Lá eu tinha um foco. Nem posso falar que conheci o Rio, realmente.

Quero dormir até tarde, ficar de bobeira sem ter o que fazer. Sair no meio da semana sem me preocupar com horário...

Mas mais do que tudo. Eu preciso tirar férias de mim. 

Eu tô é cansada de mim mesma. Da minha mesmice. Da minha ansiedade e da minha chatice. Do fato de não conseguir parar de meu autoanalisar. De não parar de pensar por um segundo... De pensar sempre nos outros, nunca em mim. De me magoar por causa disso. De esperar o telefone tocar. De sempre ceder, nunca receber. De sempre dar o braço a torcer, de sempre compreender o outro lado, mas nunca receber compreensão, carinho ou abraço.

Na verdade o que eu mais quero é fugir de mim. Mas, como se faz isso?

sábado, 2 de julho de 2011

Todos os cães merecem o céu

Me lembro qdo você chegou. Acho que aquele tinha sido o dia mais frio daquele ano: 04/07/1996. Você e seus irmãozinhos tinham acabado de nascer, estavam de olhos fechados e foram jogados fora como lixo por alguém sem coração e sem alma.

Ali você já se mostrou guerreira. Teimou em sobreviver até que aparecesse alguém e te desse calor, no que você foi privada de ter de sua mãezinha canina (porque mãe mesmo, era a sua mãe humana), que você provavelmente nem chegou a conhecer.

E aí meu irmão e meu vizinho, curiosos que são, resolveram ver o que tinha naquela caixinha colocada na frente da padaria, e acharam você. E te pegaram, e te aqueceram. E eu minha mãe chegamos em casa e perguntamos: "o que é isso??"

Você era tão pequenininha que a gente nem tinha certeza se você era cachorro, gato ou rato. Mas quando você abriu a sua "boquinha" pela primeira vez, o comentário foi: "nossa, é um bulldogue!" E lá fomos nós te dar chuquinha com leite. E vimos pela primeira vez que você era uma esganada. Tomou o leite com tanto afã, que saía tudo pelo nariz.

Você foi o bichinho comunitário do 4º andar por cerca de um mês. Cada vizinho ficava com você de manhã, de tarde e de noite. Até que se decidiu que você iria ficar conosco. E a partir daí nossa vida foi só alegria.

Quer dizer, a Mima (gata) não gostou muito! Mas ela te tolerou até o dia em que ela foi levada pro lado de D's. Até te dava uma ajuda com a sua higiene pessoal, porque ela nunca tava satisfeita com sua limpeza, e começava a te lamber com a linguinha áspera!

Primeira vacina: foi o tempo de voltar pra casa e te levar correndo pro veterinário de novo. Você teve um choque anafilático por alergia a algum componente da vacina. E lá foi você lutar pela sua vida de novo. Se recuperou num suspirinho, só te fez cócegas.

Papel higiênico por toda a casa, pimenta nos móveis, meias destroçadas pelo chão. O primeiro latido! Você demorou pra começar a latir. Achamos tão lindo qdo vc "falou" pela primeira vez! Ai se a gente soubesse que você nunca mais ia parar! Tutu, sai da janela e pára de latir!

A janela: sua vitrine pro mundo. Adorava ver o movimento da rua, latir nos cachorros e pessoas que passavam... Era a dona da rua! Ai de quem você encontrasse no meio do caminho, que era só seu! Levava latidão! Só latido, porque cão que late não morde!

Comida: sua verdadeira paixão! Não sua ração, que você comia porque tava lá mesmo né? Frango... Você era tarada por um frango! E por qualquer outra coisa que fosse comível! Gostava de comer coisas crocantes, porque fazia barulhinho! "Opa! Abriram o armário da cozinha"! E lá ia você correndo fazer aquela sua cara de pedinte pra conseguir pegar um pedacinho do que estivéssemos comendo.

Você nunca foi um cachorro que se deixou abater por qualquer coisa. Com vários problemas que você teve, você sempre demonstrou sua vontade de viver e de ficar do nosso lado. E os ataques epiléticos que você chegou a ter? Até prozac você tomou! Mas tava lá firme e forte.

Você pra nós foi uma relação de simbiose. Você precisava da gente tanto quanto nós precísavamos de você. Era você a primeira a receber quem chegasse em casa. Cumprimentava todo mundo! Tava sempre de bom humor, e aceitava a gente quando a gente estava de mau humor. Dava uma força quando estávamos tristes.

Estudou comigo pro vestibular. Estudou comigo pras provas da faculdade, pra OAB. É um cachorro praticamente formado em Direito. Tava sempre lá do meu ladinho quando tinha que estudar. Quando eu chorava, me olhava como quem diz: "Não chora Fê, não fica assim, vai passar!". Não era só assim comigo, era com todos nós. Se a gente tava reunido conversando, você vinha correndo pra participar da conversa também. Nossa grande companheira de todas as horas.

E 15 anos se passaram rápido...

Esse último ano que se passou foi difícil pra você e pra nós. Há pouco mais de um ano descobrimos que você estava doente. Com 14 anos nas costas passou por uma cirurgia e se recuperou como um cãozinho de 1 ano. Vai lá guerreira!

Mas a doença que você teve não era tão simples de se combater. E vc resistiu o quanto e enquanto pôde. Não acho que você perdeu sua luta. Eu acho que até o mais forte combatente merece seu descanso. E hoje você descansou. Você foi nosso anjo sem asas, e ganhou as suas. E foi pro céu, pro seu lugar que lhe era garantido desde que vc nasceu. E de lá você vai continuar olhando por nós.

Nós ficamos. E pra sempre sentiremos saudades sua. Você foi a luz da nossa vida. E morará pra sempre em nossos corações.