quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O que você quer ser quando crescer?

O que você quer ser quando crescer?

Quantas vezes na vida a gente não ouve essa pergunta? Desde pequenos as pessoas nos indagam a respeito da profissão que queremos seguir.

Me lembro que quando eu era bem novinha, eu queria ser dentista. Não me perguntem porquê. Eu odiava ir na minha dentista, dava escândalo, chorava... Tadinha dela, tinha uma paciência...

Adoraaaaaaaava brincar de escolinha. Quando não arrumava vítimas outras crianças pra brincar comigo, catava todos meus ursinhos de pelúcia pra dar aula (eu não tinha bonecas, tinha só ursinhos, não gostava de bonecas!). Eu era uma professora bem brava!

Aí chega aquela época que a gente sonha. Meu sonho era ser cantora (e pra ser sincera, se eu tivesse uma oportunidade hoje, com certeza eu largaria tudo e seria, porque música e cantar são a minha vida!). Fiz coral, era uma das vozes principais, era a coisa que eu mais gostava de fazer. Mas carreira artística é difícil. E eu não tinha Q.I. pra isso. Então, fui estudar.

Na escola, conheci a História (a matéria). Me apaixonei desde o início. Sempre gostei de história, de saber o que aconteceu no mundo. Me fascinava saber como civilizações se formavam e acabavam. A luta pelo poder. As lendas e mitos. Tinha decidido. Ia fazer faculdade de História.

Passei muito tempo com essa idéia fixa na cabeça. Até que chegou a hora em que realmente eu tinha que me decidir o que queria ser quando crescer: ia prestar vestibular.

Joguei os prós e contras de fazer uma faculdade de História na balança. Os contras pesaram mais. Fatalmente acabaria virando uma professora. E sério, eu tava na escola, via que ninguém respeitava os pobres professores. Não era isso que eu queria pra minha vida. Não.

Até que eu encasquetei com a idéia de que queria pesquisar a cura pro câncer. Resolvi fazer Biologia. Mas numa conversa com a minha professora dessa respectiva matéria, ela me convenceu que pra isso seria melhor fazer Medicina. E lá fui eu prestar vestibular pra Medicina.

Prestei uma, duas vezes. Não passei. Hoje agradeço por não ter passado, porque realmente, nada ver eu médica. Pra isso é necessário um dom. Que eu não tenho. Em compensação, a fobia que eu tenho de agulha demonstra que isso foi melhor pro mundo! Enfim, não tendo passado na segunda vez me fez ficar mais perdida que cega em tiroteio. O que eu faço agora?

Foi quando eu parei pra pensar. Bom, eu sou uma pessoa da área de humanas, fato. É pra essa área que eu tinha que ir. E flertei com Direito. Pareceu uma boa idéia. Não tinha ninguém formado em Direito na minha família e iria dar um tiro no escuro, porque, naquela época, eu não tinha idéia do que era fazer Direito.

Pois bem. Passei na PUC e fui feliz lá por 5 anos. Me apaixonei por Direito. Tantos debates, sobre tantos temas... Mas a menina dos meus olhos era e é Direito Civil. Pudera, minha professora era apaixonada por Civil também. E mais ainda por lecionar. E ela passava isso pra gente. Me animou muito.

E me fez olhar sob outra perspectiva a idéia de ser professora. Era inspirador, tocar de alguma forma a vida de tantas mentes em formação.

Bom, depois que eu me formei, essa mesma professora me chamou para ser sua professora assistente, mas por motivos alheios à vontade das duas, acabou não rolando.

Eu cheguei a dar umas aulinhas de Direito Comercial junto com outra professora. Mas não foi uma experiência boa, por motivos que não me cabem colocar aqui, e eu acabei desistindo.

Em 2010, entretanto, a minha antiga professora de Direito Civil (hoje, uma grande amiga) me convidou para dar uma aula sobre o tema da minha tese da pós graduação. Foi o que precisava pra acender de novo a chama em mim para querer dar aulas. Me animei com o interesse da turma, que prestou bastante atenção, fez perguntas...

Até que surgiu uma nova oportunidade. Essa turma que eu dei aula se formou no ano passado. E a minha professora vai pegar uma nova turma este ano, e me convidou para dar aulas ao lado dela.

É uma atividade totalmente voluntária (= não vão me pagar birosca nenhuma pra isso), vai dar trabalho, vou ter que estudar (e muito), vai ser cansativo (eu trabalho tempo integral e vou ter que dar meus pulos pra conciliar tudo).

Mas quer saber? Nada disso importa. Vou estudar, vou quebrar a cabeça, vou ficar morta. Mas se eu atingir uma pessoa, do modo como eu eu fui atingida pela minha professora, pra mim já valeu a pena!

O que eu quero ser quando crescer? Professora, com muito orgulho!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A palavra "não"

Enquanto estava no Chile tive muitooooooooo tempo pra pensar sobre nada. Uma das coisas que percebi nos meus momentos de ócio criativo foi que a palavra "não" em português é mais pesada que em qualquer outro idioma. É a língua em que a negativa se dá de forma mais dura.

No (Que se escreve tanto para inglês, como para espanhol, com seus devidos sotaques), non (Francês), ló (Hebraico) parecem muito mais leves que o nosso "ene-a-ó-til" (Parênteses total: acho que o nosso "não" só perde para o "nein" alemão, esse dá até medo!). Porque será?

Sinceramente eu não consegui pensar em uma resposta pra isso. O que eu sei, é que simplesmente saí distribuindo muito mais "nos" pelo Chile do que "nãos" aqui no Brasil. Sei lá, era tão fácil dizer um no, gracias, era tão libertador... E indolor também.

Também sei o seguinte: me preocupo com as pessoas. Com os sentimentos delas e talz (É, eu faço parte de um mundo paralelo em que ainda se pensa no próximo). E um não sempre machuca, mesmo que não intencionalmente. "Não" significa decepção. Talvez por isso seja uma palavra tão pesada pra mim.

O que acontece: eu odeio decepcionar pessoas. Este "odiar decepcionar pessoas" deve ser porque eu sigo aquela máxima de "não faça aos outros o que não queres que te façam" (Quantos nãos nessa frase, né? Mas esse é um não positivo). Então: eu odeio ser decepcionada, portanto, evito ao máximo fazer isso com os outros.

Aí a sistemática fica a seguinte: pra diversas coisas na vida eu deveria ter dito não. Porque não era bom pra mim, e logo não seria bom pra outros também. Não importa o motivo. Mas aquela sensação de falhar com a expectativa de outra pessoa me consumia. Então, aquele não virava automaticamente sim. Embora não devesse. E aí, apesar de não decepcionar o outro, eu decepcionava a mim mesma.

Talvez o "no" chileno libertador, pra mim, só é mais leve porque ele simplesmente não representou essa sistemática toda. Porque deixei de ter medo de decepcionar o outro, e pensar um pouco mais naquilo que eu queria. Aquele sentimento de remorso ao dizer "no, gracias" não existia. E que isto só tenha sido o início para eu aprender a dizer mais nãos em solo brasileiro também.


Porque eu tenho que deixar de ter medo de decepcionar o outro e passar a ter medo de me decepcionar comigo mesma.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Uma história...

Ok, vou contar uma história pra vcs.

Era uma vez uma garota. Que tinha muitos sonhos, em todos os campos da vida. Mas ela tinha uma autoestima baixíssima. Porquê? Bem, porque ela era gordinha. E se achava o patinho feio do pedaço também. Ela era jovem e ainda estava no colégio. Não tinha tato nenhum com as pessoas (leia-se: por causa de tudo isso, ela era bem antissocial).

Pois bem, esta moça conheceu um rapaz que se aproximou dela (e que também tinha uma baixa autoestima, mas isto é outra história). E eles começaram a namorar e ela ficou feliz. Feliz porque tinha encontrado alguém, mas não feliz com seu corpo.



Ao longo dos dez anos que eles ficaram juntos (sim, dez anos, muito tempo né?), ela se jogou na comida. Desconfio que seu namorado gostava e incentivava isso. Afinal, ela só engordava e ele nunca a incentivou a fazer um esforcinho pra emagrecer.

Eventualmente apareciam rapazes interessantes que demonstravam interesse por ela, pela pessoa que ela era. Mas ela nunca deu bola porque ela namorava e gostava muito do seu companheiro (leia-se: usava cabresto). Além do que ele era muito, mas muito ciumento. Daquele tipo que não deixa a moça ter amigos homens e tudo mais.

Dez anos se passaram. E o incômodo que antes era só estético com seu corpo, passou a causar a garota problemas de saúde. Pressão alta (várias crises hipertensivas e sensações de desmaio), colesterol alto, glicose alta (uma curva glicêmica... Arg...). E a médica disse: ou você emagrece ou você vai sofrer as consequências.

A menina se assustou. Ela sempre foi gordinha. E ela sempre soube. Mas nunca do jeito que ela estava. A médica foi clara: você precisa perder 20kgs pra voltar ao seu peso ideal. Isso caiu como uma bomba na vida dela. Mas ela sacudiu a poeira e seguiu em frente (como sempre fez em sua vida). Decidiu que ia emagrecer, que ia levar a dieta sério, que ia fazer uma reeducação alimentar. E assim foi.

Quando ela já tinha perdido 4kgs, uns 2 meses depois, mais uma bomba pra sacudir sua vida: seu relacionamento de dez anos havia chegado ao fim. Sem nem mais, nem menos. E ela se viu sem chão. E sem vontade de comer também. Neste ponto isto foi bom pra ela, porque todo o processo foi acelarado. E ela perdeu 15kgs em 4 meses. Perdeu 21kgs em 6 meses. Ao todo ela diminuiu 10 manequins. Foi tudo muito rápido.

E aí, ela que nunca teve seu peso ideal, chegou nele. Linda e maravilhosa. Até hoje ela se olha no espelho e não se vê magra (nem gorda também). Ela percebe mesmo quando olha suas fotos atuais (não me perguntem o porquê, só sei que é assim!). E sua autoestima melhorou muito. Passou a se curtir, a usar umas roupas mais bacanas (não aquelas "escondem corpo", tipo burka).



Mas isso durou pouco tempo. Quando ela voltou a sair e a se interessar por outros rapazes, ela percebeu que agora estes não se aproximavam mais dela pela pessoa que ela é, pela sua essência (esta nunca mudou, permaneceu a mesma). Mas sim, porque ela tem um corpo legal, porque é loirinha, engraçadinha... (vulgo, porque ela é gostosa).

E isso passou a chatear demais a moça, agora perto dos seus 30 anos. E aí a autoestima dela caiu de novo. Poxa, agora que ela está legal ninguém se aproxima dela pelo que ela tem dentro da cabeça? Ela não merece esse respeito? Afinal, ela não é uma desmiolada qualquer. Ou então: ela não é uma qualquer. 

Apesar de saber que a aparência é a primeira coisa que se nota, ela quer chamar a atenção não pelo seu corpo, mas pelo que ela pensa. O fato é que isso a frustrou tanto, que ela começou a pensar que ela era mais feliz gordinha.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ano Novo...

Mas poxa vida (parafraseando PC Siqueira), terminei o ano super bem. Mas comecei esse meio incomodada. Engraçado, isso não pode acontecer pela simples mudança de ano, né? E nada aconteceu nesses quatro primeiros dias que me fizessem ficar incomodada. Ou será que não?

Bom, de repente esse vazio. Ok, eu não quero mesmo fazer planos esse ano, por tudo que eu já expliquei num post anterior de resoluções de ano novo. Estou vivendo a vida a cada dia. Mas acho que estou tão acostumada a fazer tudo planejado, até porque sou mega ansiosa, que tô achando estranho não ter uma meta, por assim dizer.

Aí minha ansiedade aumenta. Será que é a crise dos 30 chegando? Não, não é isso... Até porque o pessoal sabe que eu brinco com esse negócio de idade, mas eu não me importo realmente. É só um número. O que importa é a cabeça da gente, o modo como encaramos a vida.

Mas todo mundo que eu converso me fala que quer fazer isso, que vai fazer aquilo, que 2012 será "o" ano. E eu me sinto meio alheia a tudo isso. Meio que assistindo as coisas de fora, sabe?

Eu pulei minhas 7 ondas e fiz um desejo. Mas o desejo que eu fiz não depende de mim para realizar. É algo que preciso esperar. Esperar acontecer. Mas, enquanto eu espero, ou mesmo se ele não se realizar, eu tenho que continuar a viver a vida de qualquer forma. E se vocês querem saber, continuar vivendo a vida (puta baita nome de novela) sem nem sequer lembrar da existência desse desejo.


Mas desejo não é ter planos. Não é meta. Principalmente quando sua realização não depende única e exclusivamente de você.

Então tá. É isso. O que tá me deixando incomodada é esse tal desejo. Querer. Vontade. Aspiração. Pretensão. Ok, vamos parar por aí. O ano começou e a vida tem que seguir em frente. Como eu sempre fiz. Se as forças ocultas quiserem me dar uma ajudinha com isso, ótimo. Mas parei de pensar nisso agora.

E vamos enfrentar 2012 de peito aberto e cabeça erguida.