quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A palavra "não"

Enquanto estava no Chile tive muitooooooooo tempo pra pensar sobre nada. Uma das coisas que percebi nos meus momentos de ócio criativo foi que a palavra "não" em português é mais pesada que em qualquer outro idioma. É a língua em que a negativa se dá de forma mais dura.

No (Que se escreve tanto para inglês, como para espanhol, com seus devidos sotaques), non (Francês), ló (Hebraico) parecem muito mais leves que o nosso "ene-a-ó-til" (Parênteses total: acho que o nosso "não" só perde para o "nein" alemão, esse dá até medo!). Porque será?

Sinceramente eu não consegui pensar em uma resposta pra isso. O que eu sei, é que simplesmente saí distribuindo muito mais "nos" pelo Chile do que "nãos" aqui no Brasil. Sei lá, era tão fácil dizer um no, gracias, era tão libertador... E indolor também.

Também sei o seguinte: me preocupo com as pessoas. Com os sentimentos delas e talz (É, eu faço parte de um mundo paralelo em que ainda se pensa no próximo). E um não sempre machuca, mesmo que não intencionalmente. "Não" significa decepção. Talvez por isso seja uma palavra tão pesada pra mim.

O que acontece: eu odeio decepcionar pessoas. Este "odiar decepcionar pessoas" deve ser porque eu sigo aquela máxima de "não faça aos outros o que não queres que te façam" (Quantos nãos nessa frase, né? Mas esse é um não positivo). Então: eu odeio ser decepcionada, portanto, evito ao máximo fazer isso com os outros.

Aí a sistemática fica a seguinte: pra diversas coisas na vida eu deveria ter dito não. Porque não era bom pra mim, e logo não seria bom pra outros também. Não importa o motivo. Mas aquela sensação de falhar com a expectativa de outra pessoa me consumia. Então, aquele não virava automaticamente sim. Embora não devesse. E aí, apesar de não decepcionar o outro, eu decepcionava a mim mesma.

Talvez o "no" chileno libertador, pra mim, só é mais leve porque ele simplesmente não representou essa sistemática toda. Porque deixei de ter medo de decepcionar o outro, e pensar um pouco mais naquilo que eu queria. Aquele sentimento de remorso ao dizer "no, gracias" não existia. E que isto só tenha sido o início para eu aprender a dizer mais nãos em solo brasileiro também.


Porque eu tenho que deixar de ter medo de decepcionar o outro e passar a ter medo de me decepcionar comigo mesma.

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