sexta-feira, 27 de abril de 2012

Meu amor pelas lutas

Sempre fui uma menina sedentária. Era a nerd da turma. Que sentava na frente, fazia todas as lições, ia bem nas provas e tinha amizade com os professores. Consequência direta disso: odiava praticar esportes.

Na verdade, meu suposto ódio por esportes era algo que ia mais além. Eu até tentei praticar. Primeiro tentei o vôlei. Sempre gostei. Mas minha altura meio que me limitou pra isso. 

Depois, veio o handball. Eu era goleira (a loka!) e gostava muito! Mas não conseguia jogar campeonato porque, por ironia do destino, eu não era amiguinha da professora de educação física, e só as amiguinhas dela iam competir. Me desistimulei e passei a odiar as aulas e inventava o que fosse pra não ter que fazê-las.

Quando entrei na faculdade foi um alívio. Adeus, aulas de educação física. Ao mesmo tempo, olá, sobrepeso! Sedentarizei (e inventei uma palavra nova) total! E virei uma bolinha! E quando me dei conta disso já era tarde demais.

Sempre gostei de água, queria fazer natação. Ou hidroginástica. No último ano da faculdade entrei pra academia mais próxima de casa e comecei as aulas de hidro. Foram três anos. E três anos de hidro enjoa. É muito paradão e, mesmo sendo sedentária, eu sempre fui elétrica.

Em 2007, a academia começou a anunciar uma nova categoria: as aulas de boxe. Me interessei na hora, e pensei comigo mesma: porque não? E lá fui fazer minha primeira aula teste. 

E conheci o Juan, que já é uma história a parte! Ele com 19, um ogrinho desde aquela época, eu com... Não importa! Kkkkk! Ele me ensinou os primeiros fundamentos: a rotação do punho, o jab, o direto, o girar do tronco, a base... E me deixou bater no saco pela primeira vez! E foi catártico!

Foi paixão à primeira vista. Pelo boxe, não pelo Juan! Desde então, tirando o pequeno contratempo com o meu pé e sua cirurgia, nunca mais parei.

Quando eu comecei, eu fazia uma aulinha de manhã. Mas depois que eu comecei a trabalhar, eu passei a fazer uma aula à noite. E me empolguei, passando a fazer as duas aulas do período.

Só que entre elas, havia uma aula de muay thai. E nessas, conheci também o Marco, hoje, meu mestre. E eu ficava sempre conversando com ele enquanto esperava começar a segunda aula de boxe. Super gente boa desde o início. Um doce. Tirando o fato dele ser são paulino, claro (ele não vai ler isso, mas se lesse, tenho certeza que ele estaria falando, "que fdp!"). Acabou me cultivando a vontade de treinar thai também.

E curti tanto quanto o boxe. Chutar é tão bom quanto socar. Descarrega as energias ruins, dá ânimo, dá vontade de gritar! E dá vontade de aperfeiçoar a técnica cada vez mais e treinar cada vez mais para me graduar. É muito boa a sensação de fazer o exame de faixa, de ser avaliada e de saber que eu tô fazendo tudo certinho.

Enfim, o fato é que deixei de ser a nerd sedentária pra ser a doidinha que adora bater nos outros! Kkkk! Que vive de canela roxa e com os obros doloridos de tanto  fazer pesinho (malditos pesinhos!!).



Mas mais do que isso, o boxe e o muay thai vão mais longe. Não é só o esporte, não é só o bater e chutar, não é só a endorfina do exerício. São as risadas.

Você me pergunta: "Como assim, risadas? Minha filha, você faz boxe e muay thai, são esportes violentos!"

Primeiro. Pra você que pensa isso, boxe e muay thai são sim lutas, mas não violentos. Existe toda uma técnica por trás de cada golpe. É um arte. E é uma arte que pode ser praticada por por pessoas de todos os gêneros e idades. Como bem apontado pelo mestre do meu professor de thai no meu último exame de faixa, temos pessoas com mais de 50 anos, crianças e mulheres praticando. Você nunca, nunca vai ver uma aula em que alguém saia machucado. A não ser por uma fatalidade, claro. Mas isso pode acontecer até mesmo dentro de casa.

Segundo. Eu conheci uma galera. Mais jovem, mais velha, da mesma idade que eu. Uma família. Fazer um exercício físico num clima de descontração, dando risada e brincando, é muito bom! É uma terapia (além das porradas, que você já descarrega tudo), porque você vai lá, esquece momentaneamente dos seus problemas, do dia de trabalho difícil, das chatices da vida e simplesmente dá risada, fica bem, sacode a poeira e volta pra enfrentar tudo de cabeça erguida!

E é isso que não tem preço. É chegar lá sabendo que você vai, além de praticar um esporte, encontrar pessoas e se descontrair. Tem dias que eu saio do treino com uma sensação de que eu me diverti muito mais do que indo pra uma balada. Saio com a barriga doendo de tanto rir! Tem dias que eu chego triste e cabisbaixa e saio de lá feliz, leve e contente.



Fiz amizades maravilhosas. Com pessoas que a primeira à vista torci o nariz. Com pessoas pelas quais a simpatia foi imediata. Com adolescentes, que me fazem lembrar do meu lado criança do qual não quero me esquecer jamais. Com gente da mesma idade, com gente mais velha, pra quem eu posso dividir meus problemas, contar meus causos...

Claro que alguns têm passagens breves, outros ficam impossibilitados de ir por um período. Alguns, a gente encontra fora da academia pra fazer bagunça fora de lá também e vai levar pra sempre no coração. Mas é um bem querer tão grande um pelo outro que é isso mesmo, somos uma família cujo laço em comum não é o sangue: é o amor pelo boxe e pelo muay thai! ;)


domingo, 8 de abril de 2012

Geração Facebook

Atualmente tenho estado bem reflexiva diante da atitude dos outros para com os outros, no geral. E tenho me assustado muito. Percebo que estamos num mundo extremamente egoísta em que apenas um indivíduo importa: o "eu". O resto? Bem, o resto que se exploda.

É engraçado... Vejo no facebook (sim, sempre o facebook... Aliás, falarei sobre isso logo adiante) um monte de gente pregando a máxima "gentileza gera gentileza". E me pergunto: será que essas pessoas que pregam isso realmente praticam a gentileza no seu dia a dia?

Eu não vejo mais ninguém no metrô se levantar para dar lugar a um idoso, a uma mulher grávida, a uma mulher carregando uma criança. Outro dia vi um moço entrando com o pé imobilizado no vagão, de muleta e tudo. Ninguém se mexeu. E eu estava de pé, não podia fazer nada por ele. E nem ele poderia fazer nada por ele mesmo, a não ser se resignar e tentar se ajeitar do melhor modo possível pra não cair.

Sei que já falei sobre isso. Mas andar na rua é um martírio. Principalmente no centro da cidade. "Você que se desvie porque eu vou continuar o meu caminho nem que eu tenha que passar por cima de você". Tenho certeza que é assim que a maioria pensa. Quantas vezes eu já não levei esbarrão, cotovelada e a pessoa nem sequer se virou pra pedir desculpas...

Mas eu acho que essa geração facebook é assim mesmo: Enquanto eu estou no meu mundinho facebookiano, eu posto coisas bonitas, quero ajudar todos, quero ser bacana, simpático e etc, etc, etc. Só que eu só sei viver nesse mundinho. Eu, e eu sozinho. Como estou sozinho, fica difícil sair dele e viver em sociedade. Aí eu não sei como me portar.

Sinceramente. Eu acho que as pessoas vivem cada vez mais em seu mundo interior, isso contribui pro egoísmo que está tão latente no mundo. O que importa é ser cool no facebook, e receber vários "likes" e ter trocentos milhões de "amigos". Mas do que adianta tudo isso se você é sozinho no mundo aqui fora? Pior, é que elas não querem viver aqui fora, elas estão felizes sozinhas.

E cada vez eu vejo mais gente se escondendo cada vez mais nesse "mundo cor-de-rosa virtual", ou sofrendo esse efeito de se tornar sozinho, e só se importar consigo mesmo, esquecendo que às vezes, existem pessoas do outro lado que têm sentimentos, vontades, sonhos e desejos, e que são pisoteados por essa onda individualista que tem tomado conta de tudo...