terça-feira, 18 de setembro de 2012

Realizando sonhos...

Desde que eu me conheço por gente, meu maior sonho era viajar para a Europa. Conhecer onde a história aconteceu. Estar nos lugares em que eu estudei nas aulas de História (e fora delas também).

Este ano encasquetei que faria isso de qualquer jeito. E fiz. Lá fui eu com a minha malinha (malona e que voltou com tipo 10kgs há mais... E mais umas 3 outras malas pra acompanhar! kkk) rumo a realização desse sonho.

Primeira parada Londres. Como eu amei essa cidade! Definitivamente se eu pudesse escolher um lugar para morar, eu escolheria lá. Uma cidade em que tudo funciona, extremamente cosmopolita, em que todos te respeitam, não importando se você é branco, negro, cristão, judeu, mulçumano, indiano, tatuado, punk (Obs.: sim, eu sei do caso Jean Charles, mas eu não estou falando de política, estou falando da população em geral e de como eu me senti mais uma no meio de todos)... Há lugar para todos!

O metrô é lindo (#Underground)! Realmente leva para todos os lugares. As pessoas que estão fora do trem esperam as que estão dentro saírem para poder entrar. As pessoas que não estão com pressa ficam do lado direito da escada rolante para dar passagem aos demais à esquerda. Enfim, imagina o choque que eu levei quando voltei e tive que pegar o metrô pela primeira vez aqui em São Paulo... Eu queria chorar!

Museus gratuitos. O que quer dizer cultura de graça. Minha primeira parada em Londres foi o British Museum. Como eu amei esse museu. Verdade, é um museu construído à base de saques e tudo mais. Mas poder ver com meus olhos ao vivo e em cores parte da cultura grega e egípcia tão de pertinho assim, foi emocionante... Fui também no Natural History Museum, mas me irritei com as filas que não andavam nunca e as crianças chatas que não paravam quietas!

Museus pagos também, porém, imperdíveis. Madame Tussauds, com suas incríveis estátuas de cera, lugar em que eu pude ver meu ídolo Freddie Mercury de alguma forma (já que impossível de fazê-lo nos dias de hoje...). Museu do Sherlock Holmes, super bem feito, parece que realmente existiu um Sherlock e um Dr. Watson morando naquele 221B da Baker Street.



Monumentos históricos. O Big Ben, the Houses of the Parliament, the Buckingham Palace, Abadia de Westminster, Trafalgar Square, Coluna Nelson, Tower of London, Tower Bridge... O River Thames que é um monumento histórico natural por si só... E como eu andei nas margens desse Rio, sem perder a London Eye de vista! =)

Os Parques imensos. Desculpa, eu peguei chuva feia em Londres. Chuva de verão, daquelas que se fosse em São Paulo, parava tudo. Mas eu não achei Londres uma cidade cinza, como dizem. Pelo contrário, achei bem verde. Vira e mexe você cai numa praça ou num parque. Por exemplo, a estação de metrô na qual se desce para ir ao Buckingham Palace fica dentro de um parque. Regent's Park imeeenso, cismei de andar ele todinho até encontrar o Zoo. O Hyde Park com o Speaker's Corner.



Prét a Manger que salvou minha vida! Sim, vivi à base de sanduíches, mas quem queria perder tempo comendo quando se tinha tanta coisa pra fazer e tão pouco tempo pra dispor?

Uma cidade olímpica. Uma cidade paraolímpica. Eu vi a tocha paraolímpica atravessar a Abbey Road. Acho que foi uma das coisas mais emocionantes que eu vi na minha vida. Londres estava toda enfeitada, com bandeiras de todos os países. E muito bem orientada. Eu nem precisava andar com o mapa, porque tudo era muito fácil de se encontrar.



E da Inglaterra à França, puff, 30 minutinhos! Da terra do chá pra terra do croissaint num passe de mágica!

Confesso que quando entramos em Paris, de ônibus, me lembrei muito da Zona Leste daqui de São Paulo. Com todas aquelas alças de acesso, acho que não foi uma primeira vista muito bonita daquela cidade. Mas depois eu aprendi que aquilo era apenas o entorno da cidade Luz.

Meu primeiro passeio por Paris foi de noite. E que linda é aquela cidade! Fui recebida por Paris e sua belíssima Torre Eiffel toda iluminada com uma bela lua cheia ao lado. Inesquecível... Minha primeira vista do Arco do Triunfo, eu quase chorei de emoção! #AquiSeFezHistória

Paris é mais bonita que Londres, sem dúvida. Se eu morasse em Londres, passaria todos os finais de semana em Paris! Também é uma cidade em que tudo funciona, inclusive o metrô que leva para todos os lugares, dentro e fora da cidade. Fui a Versailles de trem em menos de meia hora.

Paris é um museu a céu aberto, para onde vc olha existe coisa para ver. A construção em perspectiva. Eu comecei a andar saindo do Louvre e sua pirâmide controversa. Passei pelos Jardins das Tuileries. Pela Praça da Concórdia e o lindo Obelisco de Luxor, cheguei na Champs Elysèes verde e consumista, e dei de cara com o Arco do Triunfo ao final. Amava caminhar por lá. Do Pantheon e seus túmulos de diversas personalidades francesas aos Jardins de Luxemburgo, ao Museu D'Orsay ao Campo de Marte. Andei, andei, andei, até encontrar!

Nunca fui em tanto museu em toda minha vida. Louvre... Nossa, simplesmente sem palavras pra descrever... A Monalisa fica pequena perto das demais obras (but always smiling). Mas a obra que me fez verter lágrimas foi a Vênus de Milo. Aquilo que eu sempre vi nos livros de história estava ali escancarado na minha frente. Não tinha como não me emocionar. Museu de Rodin, Museu D'Orsay e os impressionistas (amei Renoir e suas paixão por retratar gatos), o próprio Palácio de Versailles era um museu. Um museu que conta a história do mundo. E que tem o jardim mais lindo que já vi em toda minha vida.

Torre Eiffel e eu: uma história de amor... Vê-la de baixo, subir nela. Ver Paris todinha branquinha de cima. E  o longo Rio Sena. Ver do Campo de Marte, ver dos Jardins do Trocadéro... Ver de longe, ver de perto... Deitar na grama e só admirar... Ai meu Deus que saudades que tenho dela!



Última parada, Amsterdã. Nem vou falar do rolo que minha agente fez e me colocou em Lisse. Uma cidade a 1h30mins de Amsterdã, sendo que eu tinha só 2 dias e meio pra aproveitar. Quer dizer, com essa brincadeira ficaram só dois dias. E um ônibus até o aeroporto e um trem de distância. Ops, eu não ia falar né? Kkkkk! Não importa. Essa foi a parte da viagem que me ensinou que eu consigo me virar sozinha efetivamente em qualquer lugar (em que as pessoas falem inglês, pelo menos).

Tirando isso (e meu passeio por Lisse que se resumiu a um moinho), Amsterdã é uma cidade muito charmosa. Os canais que cortam toda ela a tornam mais bonita. Cheia de flores espalhadas por todos os lugares (mas não peguei a época das tulipas!). A cidade da liberdade, em que tudo pode, tudo é permitido. E mesmo assim, vc não vê gente fumando maconha nas ruas, te oferecendo drogas à torto e à direita... Tudo é muito organizado e tudo tem lugar pra acontecer.



Lugares históricos, museus, museus, museus... Lugar em que entrei em contato com a minha história, como judia que sou. Adoro a história de Anne Frank. Não porque a ache bonita (não tem como achar essa história "bonita"), mas é impressionante como uma menina tão jovem tinha uma visão de mundo tão grande. Sobre a impossibilidade de poder ser quem ela era, uma simples moça judia. Eu sei, algumas pessoas vão ler e falar: mas você nem segue a religião! Mas eu também já disse nesse blog umas milhares de vezes: ser judeu é mais do que se voltar pra religião. É um sentimento complexo, é um povo, é uma ligação especial, que só sendo judeu é que dá pra saber como é. Estar naquela casa onde pessoas ficaram escondidas para evitar uma atrocidade foi muito comovente. Segurei o choro muitas vezes. Estar no quarto que era de Anne Frank me trouxe calafrios... E tenho orgulho de hoje poder dizer em voz alta que sim, eu sou judia.

Já cansada e no último dia de viagem me senti na obrigação de ir em mais um museu. Tive que fazer uma escolha, pois já estava exausta e me senti impelida a ir no Van Gogh Museum. Olha, eu, antes dessa viagem, achava que impressionismo não era arte. Mudei de idéia grandão! Como eu amo os girassóis de Van Gogh, como eles me trazem um sentimento diferente! Como toda aquela mistura de tintas forma uma imagem... Cresci no meu gosto de artes também!

E é claro que em terra de Heinekken, imprencidível ir à Heinekken Experience! Achei muito legal o lugar, com cinema 4D de como é feita a cerveja, a produção do suco de cevada e os vários brinquedos tecnológicos que tinha lá. Mais as 3 cervejas inclusas no pacote das quais eu só tomei duas porque fiquei com medo de não conseguir voltar sozinha! Kkkkkk!

Enfim, claro que não dá pra falar tudo dessa viagem num post... Isso é só pra ter uma idéia do quanto eu fiquei maravilhada em com vontade de voltar.

Como em todas as viagens que fiz, claro que aprendi muito com essa. Talvez não mais do que nas outras, mas com certeza, aprendi coisas novas.

Uma delas é que o mundo ainda tem jeito! Conheci uma família maravilhosa de Aracaju, com uma visão fora do normal. Quer dizer, fora do padrão brasileiro. Uma educação, uma finesse imensa. Enquanto estávamos nos mesmos lugares, não me deixaram sozinha. Me fizeram companhia, tive com quem conversar (em português, pra eu não esquecer de vez!). Trocar idéias com o Rodrigo foi o máximo pra mim, pq ele pensa tão igual a mim (e tem umas reações tão idênticas do tipo querer socar gente mal educada! kkk) e tem uma vontade de mudar as coisas tão grandes que fiquei feliz de saber que ainda existem pessoas assim! E que cultura! Acho que ele nem tem idéia disso! Eu agradeço muito a eles e espero poder encontrá-los novamente!

A outra é que eu aprendi, finalmente, o verdadeiro sigficado da frase "nenhum homem é uma ilha" (viu pai, demorou, mas eu aprendi!). É verdade que eu tenho que viver muita coisa por mim mesma. Essa viagem não foi em nenhum momento ruim apenas pelo fato de eu estar sozinha. Ao contrário, isso me deu mais confiança pra viver a minha vida. Porque afinal, se eu consigo do outro lado do mundo, eu consigo aqui também. E também, eu descobri quem eu sou, me encaxei no mundo. Isso só dava pra fazer sozinha mesmo! Sei que não estou pronta e acabada porque o ser humano não é estanque e está em constante mudança. É uma sensação boa de "belonging", e grande parte disso se dá pelo que vou falar agora.

Mas confesso, senti muito a falta das pessoas que me cercam, principalmente na parte final da viagem. Senti falta dos meus pais, da minha mãe me mandando arrumar minhas coisas e do arroz com feijão dela, do meu pai me perguntando onde eu ia, com quem, que horas eu voltava... Até do meu irmãozinho eu senti falta! Das implicações, das discussões de 3 mil correntes de algum caso prático de Direito... Das aulas na PUC, da minha segunda mamis, do chato do Mario (te amo chuchu!) e dos queridos alunos! Das minhas aulas de boxe e thai e das risadas sem fim! Senti muito a falta das minhas amigas, das conversas, das zoeiras, das saídas, das confidências e principalmente da companhia, do estar ao lado simplesmente por estar.

É verdade que eu ainda tô com a cabeça na Europa e quero morar em Londres e passear em Paris nos finais de semana. Mas dessa vez, eu tava ansiosa pra voltar de viagem. Minha família sempre será um motivo pra voltar, sem dúvidas. Mas as minhas amigas de hoje me fizeram fincar raízes aqui. São pessoas que me mostraram que amizade ainda vale a pena (sim Evi, estou te plagiando!).