segunda-feira, 18 de março de 2013

Chegando aos 31

Eu sempre escrevo aqui no meu aniversário. Sei lá porque eu sempre fico ansiosa pra esse dia. Sim, dia que eu fico mais velha (ou num básico eufemismo, mais experiente).

Este ano achei que não ia escrever. Não me sinto assim dessa vez. Ansiedade pra chegar o aniversário pra quê? É um dia como qualquer outro do ano. Não, não acontecerá nada de especial nessa data. Eu vou levantar no horário de sempre, ir trabalhar, ir treinar, ir dormir, como faço todos os dias.

Mas sei lá, bateu a inspiração de repente.

O que eu aprendi até aqui?

A não dizer o que eu sinto. Seja pro bem, seja pro mal. Ninguém precisa saber o que se passa dentro de mim. Se eu gosto ou desgoto, se eu tenho raiva, se eu amo, se estou insatisfeita. Guardar as coisas faz menos estrago.

A não esperar, a não criar expectativas, a não ser ansiosa. Ok, essa parte ainda é bem difícil pra mim. Até porque ser ansiosa faz parte da minha natureza. Mas eu percebi que quando eu me esforço a não esperar, as surpresas são mais agradáveis. Antes ser supreeendida positivamente do que ter certeza de uma decepção.

E mais que tudo age is just a number. O que importa é o jeito como encaramos a vida. Tem que ser de braços abertos, não importa o número que nos segue. Estar aberto a novas experiências, a novos caminhos. A ter sempre a disposição pra recomeçar. Porque a vida é isso, levanta, cai, levanta, cai. E não importa o quanto de tempo que leva entre o levanta-cai-levanta. O importante é não parar!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O dia em que eu NÃO escalei um vulcão

Começo este post dizendo que quando eu imaginei escrevê-lo, não era esse o título que eu queria dar para ele. O título, obviamente seria "O dia em que eu escalei um vulcão" e seria sobre como eu consigo ultrapassar todos os desafios que eu me imponho.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

Tudo começando indo pro Chile (de novo) e pro Atacama (de novo!!). Sim, de novo! Porque? Gente, não me perguntem porque eu gosto de um deserto. E acreditem, se puder, irei voltar novamente! Aquela terra é o lugar mais impressionante do mundo (que eu já conheci). Me sinto bem lá, me sinto acolhida... Não sei!


Bom, como era minha segunda vez lá, queria fazer coisas que não tinha feito da primeira vez. E as coisas q tinha feito tbm (tirando os Geisers de Tatio, porque vamos combinar que eu não tava mto a fim de passar uma friaca de -10ºC em pleno verão, congelando o cérebro, não sentindo as pontas dos dedos, etc, etc, etc...).

Então resolvi que tinha que ir de novo ao Vale da Lua e Vale da Morte, onde parece que estamos em outro mundo e o pôr do sol é o mais bonito que eu já vi (e eu curto por do sol, vocês sabem!). Tinha que voltar ao Salar de Atacama para ver seus flamingos... E voltar a ver a pintura à óleo das Lagunas Altiplanicas...


Também decidi que queria conhecer o Salar de Tara. E cara. Ainda bem que eu fui. Imagina um lugar totalmente offroad, que você anda com o carro sem estrada nenhuma, totalmente no deserto, parecendo que vai cair no horizonte. Mas que depois de tanta aventura, sobe e desce, pó e areia, se tem a visão do paraíso. Flamingos do Salar de Atacama? São bonitos, sim, claro. Mas nem se comparam aos do Salar de Tara. São muitos... Mas nem as palavras e nem as fotos traduzem o que se sente quando vc chega lá.


Resolvi que iria encarar a Laguna Cejar. Eu tenho um negócio com água fria. Tipo, não suporto! Mas arrisquei porque queria saber como é flutuar num lugar de densidade semelhante ao do Mar Morto. Sim, ela é atolada de sal! E é muito divertido boiar nela, mesmo não sendo a água mais quentinha do mundo. É engraçado sair dela completamente branca do sal! De quebra, fui ver os Ojos del Salar que são como lagoinhas profundas no meio do Salar de Atacama e a Laguna Tebinquinche, que no meio do nada tinha um sinal de wifi. Mas fiquei abestada com a paisagem branquinha, branquinha. Claro, de sal.



Mas, o que eu mais queria fazer e eu encasquetei que iria tentar de qualquer jeito era escalar um vulcão. Não era escalar, escalar, era mais como subir uma pequena montanha. Uma pequena montanha de 400m de altitude cuja base ficava já ficava a 5.200m de altitude.

Conversei com meu guia, falei que nunca tinha feito isso antes. Ele sugeriu que deveria começar pelo Vulcão Cerro Toco, que tinha uma subida mais suave. Que com sorte eu veria neve no topo. Mas que eu teria que me preparar, que não era uma coisa fácil, que ia ser frio (ele me emprestou roupas térmicas que eu não tinha).

Acordei cedinho e bora pro vulcão. Eu fiquei nervosa, verdade. Com medo de não conseguir, com medo de passar mal, sei lá, simplesmente receosa. Quando chegamos olhei pro Cerro Toco e pensei comigo mesma: "Ahhhh... Tá de boa! Eu nunca tive nada em altitude, nem aqui no Atacama, nem em Machu Picchu, só ir com calma que eu consigo".

A instrução era: caminhar 10 mins pra 2 mins de descanso (e eu pensei: bom, tá melhor que os intervalos que o Juan dá na aula de boxe!).

E começamos a caminhada. E os primeiros 10 mins foram um dos piores na minha vida. Meu coração começou a bater muito rápido, eu achei que fosse saltar pela boca. Mas eu resisti até o descanso. Sentei numa pedra ofegante e comecei a pensar se seria assim todo o caminho. Logo estava levantando de novo. Meu guia falou para andar bem devagar. E fui. Essa segunda estirada foi mais fácil e tranquila, não senti nada. Sentamos pra descansar de novo.

E veio a terceira estirada. Não sei precisar quanto tempo ela durou. Mas a minha impressão é que nos meus dois primeiros passos tudo se apagou e eu senti uma falta de ar muito grande. Lembro de tentar continuar andando a todo custo. Mas parei e pensei: "Hey, eu não tenho que provar nada pra ninguém. Eu sei quem eu sou. Eu cheguei até aqui, quantos chegaram?". Falei pro meu guia que não aguentava mais, que precisava parar. E desisti.


Fiquei um pouco decepcionada comigo mesma. Eu queria ter visto a neve no topo do vulcão. Mas o desafio que eu me impus era grande demais, muito maior do que eu imaginava. Mas, assim como eu aprendi a ultrapassar meus limites, eu também aprendi quais eles são. E que não é vergonha nenhuma se ater a eles.

A gente tem que aprender quando continuar e quando parar. Parar não é o fim do mundo. Talvez seja a chance de continuar a fazendo tudo que já se faz. Ou repensar para tentar fazer de outro jeito ou pensar num modo melhor de fazê-lo.

Meu limite foi o Vulcão Cerro Toco. Mas eu não desisti! Ainda volto pra tentar de novo! ;)